domingo, 8 de fevereiro de 2015

Maracangalha quem é você?

Maracangalha quem é você?
Nação livre, festa ou ideia
Abraça as causas libertárias
Avança o sinal
Com teus malabarismos
Muitos te seguem
Porque há riso
Outros que é sério
Há afeição e ternura
Do Fernando e a Aninha
E há o riso solto
De todos que por lá chegam
Até dos moradores de rua
Vão brindar com alegria
Que lhes resta
Do teu carnaval
De marchinhas, suor e cerveja
Da porta estandarte
E a dança em comunhão
Dessa festa que pelafresta da vida
De Campo Grande
Vai se afirmando
Porque somos Maracangalha
Evoé!


Silvaninha

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Sarobá, eu quero mais!

Sarobá, eu quero mais!

Aos amigos do Teatro Imaginário Maracangalha

Blocos sujos entoam Maracangalha, marchinhas em negros cordões e em brancos
bancos exaltam Baco, proclamam o imaginário dionisíaco.

Evoé! Saúdo-te com sambas e bambas ao som de batuques, tambores,
percussão duma carnavália da diversidade nessa igrejinha,
onde se celebram livres expressões, manifestações das culturas
e vontades populares. A você, evoé! Evoé...

Oh! Abre alas, divina epopeia, sarobá, meu pobre bairro, da negritude, liberdade,
inebriado de alegria, desde Arlequim, Pierrô e Colombina.
Obá, obá, obá...
Por onde passou a passarela arrepiou.

Quando eu era criança, inventava histórias coloridas de azul e branco,
aos pequenos pés de oratório.

Ah! Bendita loucura estampada em beiçolas caídas, vivendo em casas de taipa.
Divertida loucura vestida, travestida duma beleza imaterial,
corolário da humildade.

Cordão baluarte assopra aos ouvidos seus, meus, essa marcha de amigos,
marcha da simplicidade.

Enquanto viverem casados o bem e o belo, o ideal não vai passar...
Eram os cordões perseguidos pelas escolas dos doutos,
entendidos de nadas, desfazedores das origens,
das fontes que embebedam o firmamento.

Genésio, alma de suposições teatrais,
Agora vai-ou-racha, na praça, onde o povo é protegido pelos
des-sacralizados santos, benzidos por provadores de vinhos.
Enólogos partícipes dos ilhados encantos,
nessa arena antes palmilhada por vivos des-afetos, des-encontros.

Fantasiados de curumim, a pureza primeira, espontânea, lugar não dará
ao mero mercantil, mero sexual. O sagrado será celebrado em ruas
des-avergonhadas, cruzadas de mamelucos, cafuzos,
de gentes do interior e nele preservadas.

Barracão de zinco das antigas utopias, as quais trarão entendimentos aglutinadosem
movimentos mais naturais.
Quando eu acordar o esplendor, os dias despertar-me-ão
na casa dos símplices, com músicas, com Mozart e Bach,
no infinito e claro alvorecer.

Tambores dos ventos movimentam o espírito das artes.
Sob olhares iluminados por Chico, em abóbadas portuguesas e
de estilos estratégicos, florescerão os
ideais, com perenidade.

Evoé, evoé, obá, obá...
Vem, vamos agora pra nossa Maracangalha!

Ismael Machado

Poeta sul-mato-grossense